Claro que a Nokia nunca pensou nisto nestes termos. Mas, a verdade verdadinha, é que o N97 Mini é bem capaz de ser o melhor amigos dos jornalistas num mundo em transição. Explico porquê:
Eu cá sempre achei piada aos Nokia que se abriam e revelavam um teclado de tamanho quase real com um monitor que ao pé dos restantes telemóveis parecia um plasma. Mas o reverso da medalha era serem tão volumosos e pesados como tijolos. E, na altura, nem sequer havia ecrãs tácteis.
Recordo-me que, na primeira vez que toquei num ecrã táctil, achei a coisa um pouco mágica. Bem, muito mágica, na verdade. Percebi logo na altura – e tenho vindo a solidificar essa opinião desde então – que tocar com o dedo no ecrã ou premir uma tecla eram duas coisas muito diferentes e que este interface seria pouco menos que revolucionário. Hoje, ser visto com um telemóvel sem touchscreen é quase uma vergonha.
Os meus primeiros textos com o jornalismo na ideia foram escritos numa Olivetti com teclado em Azert (“O Mundo em Azert”, recordam-se?) comprada na Feira da Ladra. Sou por isso, espero que não velho, mas da velha escola. Na altura ainda se escrevia em laudas (o pessoal tecno que vá ao dicionário…). O que quer dizer que os jornalistas da minha geração, que são a maioria, passou da máquina de escrever ao computador, do papel ao digital e do teclado ao touchscreen num espaço de poucos anos. É assustador e muitos não resistiram.
O Nokia N97 Mini, claro, tem as duas coisas. Tem um touchscreen como todos os outros, mas tem também um teclado… mini. Eu não sou muito de gostar de dar nas vistas, mas confesso que mais do que uma vez dei comigo a abrir vaidosamente o N97 Mini para escrever algo. Como ele tivesse algo a mais – e não a menos – que os outros. É uma sensação pelo menos retemperadora! Aliás, um amigo disse-me já ter visto alguém a teclar num N97 Mini com três dedos de cada mão como se fosse uma máquina de escrever. Se for para ficar, talvez seja de prever uma cadeira de N97 Mini nos cursos da Dactilografia (ainda há cursos de Dactilografia?)! Eu uso sobretudo os polegares. Aberto, com o teclado em baixo e o “monitor” de 3,2 polegadas ligeiramente inclinado, o N97 Mini parece mesmo um mini-computador. É delicioso. E, de certa maneira, reconcilia os jornalistas da velha guarda com o mundo moderno com que se confrontam. “I’m hip” e “i’m hippie”!
É essa, verdadeiramente, a magia do Nokia N97 Mini.