Sobre o futuro dos media

Sobre o futuro dos media, vale a pena ouvir esta sequência de dois podcasts (1 e 2) que retratam uma espécie de mesa redonda organizada por Eric Schartzmann, do On the Record… Online, com um punhado de representantes dos media tradicionais. Como habitualmente neste debates, emergem mais perguntas do que respostas (o que é sintomátrico…), mas no geral abordam-se aqui algumas matérias bem interessantes para os profissionais dos media.

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Podcasts da TSF

A notícia de que os podcasts da TSF são um êxito é uma boa notícia para os podcasts e para a TSF.

Mas não posso deixar de achar incorrecto da parte dos seus responsáveis que o conteúdo dos referidos podcasts não apareça nos leitores de RSS, obrigando a visitar o site para ver que programas queremos descarregar. O que a TSF pretende, claro, é que os visitantes cliquem no site para juntar às estatísticas de pageviews. Fundamento esta opinião no facto de já ter alertado para isto quer o webmaster quer o director do online, sem ter recebido nenhuma resposta da parte de qualquer deles (tão “web 1.0″…).

Deste modo, para além de suspeitar que um número não negligenciável dos 400 mil downloads referidos na notícia são de pessoas que primeiro descarregam e depois verificam se era aquilo que queriam, eu, como utilizador habitual de podcasts (tanto de música como de media), dei por mim a deixar de descarregar os conteúdos da TSF (apesar de ser fã incondicional das entrevistas de Carlos Vaz Marques).

Ou seja, na minha opinião, a TSF, na realidade, ainda não percebeu para que servem os podcasts e está a fazer dos mesmos (com sucesso) uma utilização tipicamente de media tradicional. O approach tem que ser outro radicalmente diferente.

O futuro passa por aqui

Em dois podcasts diferentes do On The Media, descobri a linha inicial de pesquisa para uma tecnologia que pode mudar a paisagem dos media:

O Podscope (como o Podzinger, o Blinkx ou o Pluggd) da TV Eyes, é um start-up que faz pesquisa audio e video dentro dos podcasts. Não sei se o seu funcionamento já será perfeito mas é de certeza muito interessante e com muitas potencialidades. Basicamente, identifica todos os podcasts onde foi utilizada a palavra pesquisada e permite reproduzir alguns segundos dessa emissão, antes e depois de proferida a palavra, para que o utilizador decida se quer ou não fazer o download. O Techcruch jáse referiu a este software, assim como, em português, o blogue Chão de Papel.

Sergey Brin, da Google, tem-se mostrado em várias intervenções públicas muito interessado na pesquisa video e na publicidade em TV (como nesta peça da AdAgelink pago). A questão é muito simples: Brin pretende conseguir aplicar ao video e ao audio a técnica dos algoritmos que fez o sucesso da Google e do AdSense. A técnica que servir para pesquisar também serve para distribuir publicidade. E no momento em que a Google o conseguir fazer, terá aberto a porta a toda uma nova realidade no campo dos media.

A conferência TED (Technology, Entertainment, Design) reune todo os anos em Monterey, na California, alguns dos mais brilhantes pensadores do nosso tempo. Chris Anderson explica aqui do que se trata.

O fee para participar é altíssimo e só se acede por convite. Mas, agora, as conferências passadas estão ser disponibilizadas a um ritmo de duas por semana, no site do evento, em formato video ou audio. É algo realmente a não perder!

Das que já ouvi, recomendo as de Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, Mena Trott, da Six Apart, Dan Gilbert, professor de psicologia em Harvard, e Barry Schawtrz, professor de filosofia. Das que ainda não vi, penso que não vou perder uma.

A próxima TED terá lugar em Março de 2007 no mesmo local. 

Podcast com causas

Para quem gosta de nu-jazz, downtempo e trip-hop, há muitos podcasts disponíveis na internet, mas este tem causas: é feito parcialmente com recurso a artistas free to use ou sujeitos a licenças creative commons. O Episode 5 deste podcast (significativamente chamado “Pirates”) integra excertos de declarações de Lawrence Lessig e seus pares da Creative Commons.

Com o desenvolvimento da web não só os media tradicionais que estão em causa, são também os negócios de media que são afectados, nomeadamente a música e (a seu tempo) a televisão. Neste podcast há vários bons argumentos contra um sistema de direitos de autor que limita a criatividade das pessoas num momento da história em que a tecnologia mais faz para libertá-la. É inevitável que esse sistema de direitos de autor vá morrer. A primeira questão é “como” é que vai morrer. A outra questão é como é que os artistas vão viver depois… mas isso já é futurologia!