Já passou algum tempo, mas o caso ainda merece reparo.
Para comemorar os seus 24 anos de existência, a TSF convidou Cavaco Silva para uma entrevista de actualidade. Tratando-se da primeira grande entrevista de Cavaco depois do caso da António Arroio e das polémicas declarações sobre a reforma, seria de esperar que ambos os assuntos fossem abordados. Mas não. Em nenhum ponto da entrevista qualquer dos temas é abordado.
Obviamente podemos especular sobre uma de duas situações. Ou a entrevista já estava marcada e os assessores do presidente trataram de esclarecer previamente que o assunto não seria abordado. Ou a entrevista foi marcada depois dos factos e na condição de o tema não fazer parte do alinhamento. A terceira hipótese – de o jornalista terem optado por não perguntar ou se ter esquecido de o fazer – é absolutamente descabida.
Ora, o mundo dos media está a mudar muito depressa e – nesse quadro – como muitas vezes repete Jeff Jarvis, “a transparência é a nova objectividade”. Neste caso, a transparência é muito… opaca. Seria interessante a TSF esclarecer porque razão não perguntou a Cavaco o que deveria ter perguntado. Mesmo que não o perguntar tivesse sido uma condição prévia para a entrevista.
Olhando para a tendência longa da evolução dos media – e sobretudo para a democratização do acesso que a internet proporciona – são coisas como esta que “matam” os media tradicionais. A TSF deu apenas mais um passo no sentido da sua própria descredibilização.
Digo eu, que ainda sou do tempo em que o slogan da TSF era qualquer coisa como: “Não guardamos informação na gaveta!” Parabéns TSF!