Debatendo o estado da imprensa desportiva em Portugal, já por várias vezes me tenho lembrado deste episódio sem conseguir exactamente identificar a época, o contexto ou o mesmo a identificação do director em causa.
Felizmente, José Diogo Quintela, numa crónica no jornal A Bola de hoje, recupera a história e permite fazer o respectivo enquadramento. Refere-se a umas semanas durante 2006 em que os jornais generalistas traziam todos os dias notícias relativas ao processo Apito Dourado (nalguns casos com referências às escutas) e os jornais desportivos não lhe dedicavam nem uma linha. Obviamente, toda gente achava isso muito estranho e atribuía o facto à promiscuidade existente entre os jornais desportivos e o sistema “futebol”.
Eis como José Diogo Quintela recupera o episódio:
“AP” é Alexandre Pais, director do Record nessa altura e ainda hoje. E o que ele disse, em editorial do jornal, foi que o Record não podia morder a mão que lhe dá de comer. Obviamente nesse dia a imprensa desportiva morreu em Portugal. Bateu no fundo.
Para que não me volte a falhar a memória em algo tão importante, aqui fica o respectivo registo histórico. Tenho pena de não ter guardado esse jornal. É verdade que na época já não lia jornais desportivos porque pressentia o que o director do Record (e que é extensível aos outros jornais desportivos, sem excepção) viria a pôr preto no branco, mas ainda assim gostaria de ter guardado o jornal. Ultrapassando a morbidez do acto em nome da memória histórica do mesmo. Aqui fica.