Ser Benfica

Não me surpreendem as declarações de Djaló acerca da “grandeza” do Benfica. Nos dias que correm, todo o jogador contratado para a Luz tem que dizer 2 ou 3 frases bombásticas para saírem os jornais. Até os jogadores- com o seu  cérebro pequenino – percebem isso facilmente. O que é interessante é reflectir no que isso diz acerca dos adeptos! Isso é que é interessante!

No Benfica há dois tipos de adeptos: os parolos, que acreditam; e os chicos-espertos, que sabem que eles acreditam! Uns e outros são típicos do clube mais sul-americano de Portugal. Sem ofensa.

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Testa o teu benfiquismo!

Eu conheço bem os benfiquistas! Com rara satisfação e frequente relutância, convivo com eles há 44 anos. Na verdade, posso dizer que os conheço tão bem como conheço os sportinguistas.

Há muitas maneiras de identificar o verdadeiro benfiquista, aquele cujo benfiquismo vem mesmo lá do fundo. E que dá à generalização “benfiquistas” o seu tom tão característico e que os adversários tão bem conhecem. Às vezes basta um pequeno detalhe para identificar o “verdadeiro benfiquista”!

A propósito do recente (e quente!) derby, lembrei-me de vos propor, aos benfiquistas, este pequeno teste para avaliar a pureza do vosso benfiquismo. Demora apenas 2 segundos:

 

TESTE

Independentemente de se saber se é verdade ou não – isso para o teste é irrelevante – consta que alguns dos stewards que estavam a revistar os adeptos do Sporting – pelo menos 2 – tinham ao pescoço cachecóis do Benfica.

O que é tu achas disso?

 

E pronto! É este o teste. Como eu tinha dito é muito simples. Mas é infalível para identificar o verdadeiro benfiquista!

Fenómenos do futebol

Segundo o dicionário, um fenómeno é  “algo de extraordinário, raro ou surpreendente”. Ou seja, algo que desafia as explicações racionais, que está para lá do que seria de esperar e cujo resultado parece transcender as próprias causas que dão origem ao fenómeno. O mundo está cheio de fenómenos e no futebol também há alguns.

A capacidade ganhadora de Mourinho em geral e o seu percurso no F.C.Porto em particular é um fenómeno. Mourinho tinha pouca experiência como treinador, o orçamento do Porto era bem menor que o da maioria dos seus competidores europeus e ainda assim as equipas de Mourinho conseguiram, em anos sucessivos, ganhar a Taça UEFA e a Liga dos Campeões, para já não falar no domínio interno avassalador. Mourinho continuou (e continua) a ganhar depois nos vários campeonatos por onde passou, mas aí já com condições próprias para o conseguir.

A Academia do Sporting tem certamente instalações muito boas e pessoas muito competentes a trabalhar. Mas, por um lado, a sua fama já vem do tempo em que funcionava nos banais campos de treinos ao lado do antigo Alvalade e, por outro, as pessoas certamente mudaram ao longo das últimas décadas sem que os resultados deixassem de ser surpreendentes. Não deve haver muitos clubes no mundo capazes de reclamar uma produção tão profícua de jogadores de altíssima qualidade, incluindo dois Melhores Jogadores do Mundo numa só década. Basta recuar até ao tempo de Futre (passando por Figo, Simão, Ronaldo, Quaresma, etc) para perceber que este tem sido um fenómeno contínuo ao longo do tempo. Se fosse fácil de explicar – ou de replicar – já algum outro clube em Portugal o teria feito também.

O Benfica de Jesus tem, em todas as competições desta época, 117 golos marcados e 31 sofridos, o que dá uma média de quase 2,5 golos marcados por jogo (2,6 só na liga portuguesa). Os dados quantitativos são indesmentíveis, mas ainda mais indesmentível é a qualidade de jogo que a sucessão de goleadas (nacionais ou internacionais) demonstra à evidência. Não é simplesmente possível que tantas equipa sejam tão fracas perante o Benfica. Provavelmente é o Benfica que é muito forte perante elas. E, no entanto, o clube é o mesmo, os dirigentes são os mesmos e a política de contratações é semelhante. É verdade que houve algumas aquisições cirúrgicas este ano, mas só isso está longe de explicar a transformação radical do futebol do Benfica. E, claro que Jesus tem muito que ver com  isso, mas não se pode dizer que Quique Flores, Camacho ou Fernando Santos fossem maus treinadores. Significa apenas que Jesus é… especial. Ou “fenomenal”. Deste ponto de vista, são sinónimos. Na verdade muito pouco mudou no Benfica em relação ao fiasco dos últimos anos. Por isso, do ponto de vista futebolístico, o Benfica de Jesus já é um fenómeno. E, se o título lhe for entregue, estará – do ponto de vista futebolístico – bem entregue.  Não é provável que, no que resta da época, Porto ou Braga sejam capazes de modificar essa verdade insofismável. É mais um registo para a colecção de fenómenos do futebol português.